LEMBRANÇA

LEMBRANÇA

No fim de sua vida, o russo Lev Nikoláevitch Tolstói (cuja grafia varia entre Léon, Leão e Liev Tolstói, ou ainda Leo Tolstoy, 1828-1910) abandonou a mulher e os 13 filhos e partiu em viagem de trem na companhia de amigos. Nessa época, ele era o escritor mais famoso de toda a Rússia e um dos mais lidos do mundo, tendo escrito, por exemplo, “Guerra e Paz”, considerado um dos romances mais importantes da história da literatura universal e uma das obras-primas do realismo.

Neste momento, o escritor Rubens Figueiredo trabalha na primeira tradução brasileira direta do original russo deste livro, que dever ser lançado em 2011 pela editora Cosac Naify. Atualmente há no Brasil, por exemplo, uma tradução de “Guerra e Paz” da Companhia das Letras, feita por Silvana Salerno, mas não diretamente do russo. Já a Cosac também lançou aqui, em maio deste ano, “Ressurreição” (1899), o último romance de Tolstói, da mesma forma traduzido pela primeira vez direto do russo por Figueiredo.

Descendente de uma importante família ligada aos czares e herdeiro de uma grande quantidade de terras em Iasnaia-Poliana, sua cidade natal, Tolstói, depois de várias crises espirituais, se deixou guiar pelo exemplo da vida simples dos camponeses, a qual considerava ideal. Com isso, tornou-se uma pessoa profundamente religiosa, mesmo não aceitando a autoridade de qualquer governo organizado ou igreja. Ele também criticou o direito à propriedade privada, além de pregar o conceito de não-violência. Por conta desses seus últimos anos de engajamento social, foi perseguido e excomungado pela Igreja.

Não bastasse isso, Tolstói vivia a angustiante contradição de pregar a doutrina de pobreza e castidade enquanto sua mulher, Sofia, não aceitava a crescente perda de amor do marido e sua opção por uma vida mais modesta. Foi assim que ele partiu de casa.

Durante alguns dias a viagem foi um sucesso. Nos trens e nas estações por que passava, Tolstói era reconhecido por todos. Porém, devido sua opção em viajar em vagões de terceira classe (condizente com seu voto de pobreza), onde havia frio e fumaça, ele acabou por contrair uma pneumonia, que se agravou rapidamente. No dia 20 de novembro de 1910, Tolstói morreu, aos 82 anos, na estação ferroviária de Astapovo, província de Riazan.

O trem funerário que conduziu seu corpo foi recebido por camponeses e operários que viviam próximos à propriedade dos Tolstoi, sendo seu caixão seguido por uma multidão de 3 a 4 mil pessoas. O número teria sido ainda maior se o governo de São Petesburgo não tivesse proibido a vinda de trens especiais de Moscou para o enterro do escritor.

Neste sábado, 20 de novembro de 2010, não se pode deixar de lembrar do centenário da morte de Liev Tolstói.

OS MAIS VENDIDOS NA VILA 05 a 12/11

Ficção

1. “Leite Derramado”, Chico Buarque (Cia. das Letras)

2. “O Tempo entre Costuras”, Maria Duenas (Planeta do Brasil)

3. “Solar”, Ian Mcewan (Cia. das Letras)

4. “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, Edney Silvestre (Record)

5. “Queda de Gigantes”, Ken Follett (Sextante/GMT)

6. “Fora de Mim”, Martha Medeiros (Objetiva)

7. “Meio Intelectual, Meio de Esquerda”, Antonio Prata (34)

8. “Uma Certa Paz”, Amos Oz (Cia. das Letras)

9. “A Ilha Sob o Mar”, Isabel Allende (Bertrand Brasil)

10. “Um Erro Emocional”, Cristóvão Tezza (Record)

Não-ficção

1. “1822”, Laurentino Gomes (Nova Fronteira)

2. “O Outono da Idade Média”, Joahan Huizinga (Cosac & Naify)

3. “Ágape”, Padre Marcelo Rossi (Globo)

4. “1808”, Laurentino Gomes (Planeta)

5. “Não há Silêncio que Não Termine – Meus Anos de Cativeiro na Selva Colombiana”, Ingrid Betancourt (Cia. das Letras)

6. “Comer, Rezar, Amar”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)

7. “Um Certo Verão na Sicília”, Marlena De Blasi (Objetiva)

8. Bilionários Por Acaso – A Criação do Facebook Ben Mezrich (Intrínseca)

9. “Contra um Mundo Melhor – Ensaios do Afeto”, Luiz Felipe Ponde (Leya Brasil)

10. “Comprometida”, Elisabeth Gilbert (Objetiva)

por Anna Lee

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