PODER desvenda a história do artista italiano Piero Fornasetti

Dono de muitos talentos, o artista italiano Piero Fornasetti ganhou o mundo com suas estampas e gravuras com o rosto da soprano Lina Cavalieri, que descobriu por acaso enquanto folheava uma revista francesa do século 19

por Ana Elisa Meyer para a Revista PODER de outubro

Designer, pintor, ilustrador, decorador e artesão, Piero Fornasetti (1913-1988) usava imagens de seu passado, como lembranças da infância, uma viagem ou uma página de jornal, para criar suas gravuras e estampas. Nascido e criado na casa de sua família, em Milão, Fornasetti frequentou a Academia de Belas Artes de Brera entre 1930 e 1932. Acabou sendo expulso por insubordinação, por contestar a forma e a decadência do ensino que a instituição oferecia.

Combateu na Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, foi para a Suíça, onde ficou exilado durante três anos. Ao retornar para a Itália, na década de 1940, iniciou sua carreira artística fazendo, principalmente, litografia para livros. Foi por causa dessa técnica que conheceu grandes pintores, como Giorgio de Chirico, Giacomo Manzù, Massimo Campigli e Lucio Fontana, que frequentavam seu ateliê para imprimir suas próprias obras. Depois disso, Fornasetti resolveu incluir a pintura no rol de suas atividades. Foi nessa época que conheceu o arquiteto e designer italiano Gio Ponti, que o introduziu na arte da decoração de interiores e o definiu como “um autêntico italiano”, por causa de seus trabalhos que seguiam a tradição do país.esigner, pintor, ilustrador, decorador e artesão, Piero Fornasetti (1913-1988) usava imagens de seu passado, como lembranças da infância, uma viagem ou uma página de jornal, para criar suas gravuras e estampas. Nascido e criado na casa de sua família, em Milão, Fornasetti frequentou a Academia de Belas Artes de Brera entre 1930 e 1932. Acabou sendo expulso por insubordinação, por contestar a forma e a decadência do ensino que a instituição oferecia.

Prolífico, o fato de dominar múltiplas técnicas garantiu um estilo único a Fornasetti: cheio de humor, ironia, magia e surrealismo, que conquistou a alta sociedade de diversos países e teve sua época de ouro na década de 1960.

MUSA INSPIRADORA

Uma das principais marcas do artista foi sua obsessão em reproduzir estampas e gravuras com o rosto da soprano de ópera italiana Natalina  “Lina” Cavalieri, que descobriu enquanto folheava uma revista francesa do século 19. O fascínio por sua beleza, feminilidade e expressão enigmática o levou a compará-la à Mona Lisa de Leonardo da Vinci.  Foram mais de 350 variações do rosto da cantora impressas em pratos e em outros objetos.

Ao produzir uma obra instantaneamente reconhecível, inimitável e atemporal, Fornasetti criou, em toda a sua carreira, mais de 11 mil produtos de todos os tipos: pratos, cinzeiros, vasos, mobiliário, papéis de parede, tecidos etc., nos quais o contraste entre a realidade e a ilusão sempre estiveram presentes. Além de Lina, sol, arlequins, mãos, autorretratos e balões são recorrentes em suas obras. Atualmente, quem comanda o legado do artista é seu filho, e também designer, Barnaba Fornasetti, que ficou responsável por reeditar as obras do pai, criando novas versões, mantendo as linhas originais, e, acima de tudo, recuperando arquivos esquecidos no tempo.