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Em conversa baseada em dados concretos, com ênfase em pesquisas e evidências, Renato Meirelles, um dos maiores especialistas em população brasileira e presidente do instituto de pesquisas Locomotiva, e Joyce Pascowitch falaram sobre os números da pandemia no Brasil, a importância da informação e de chamar a mentira pelo nome certo. O papo ainda levantou temas como negacionismo e perspectivas para o futuro. Aos highlights da conversa!

A PANDEMIA NO BRASIL
“Eu gostaria de ter dados que apontassem para uma realidade diferente. Talvez uma das maiores fake news inventadas no começo disso tudo era que esse vírus é democrático. Bom, ele pode até matar pobres e ricos sem fazer distinção, mas uma coisa é você reclamar da falta do álcool em gel nas farmácias, outra é morar em uma favela e não ter acesso à água encanada. Outro exemplo é a própria relação do home office. Na minha profissão, ele é possível, mas para a maioria dos brasileiros, não. Então, o vírus realmente pode matar pobres e ricos, mas os anticorpos sociais num país tão desigual como o nosso são muito diferentes. Então, a pandemia escancarou ainda mais a desigualdade social gritante no Brasil. O efeito das escolas fechadas foi muito diferente nas diversas camadas da sociedade. Cerca de 50% dos estudantes que moram nas favelas brasileiras largaram a escola durante o período de homeschooling. Lá, os jovens são mais escolarizados do que os pais, então nem esse apoio que a classe média consegue oferecer aos seus filhos eles têm.”

CONSUMO
“A classe média já chegou a representar 56% da população brasileira. Hoje, ela caiu para 46%. Isso é preocupante porque é ela quem concentra a maior parcela do consumo no país. Quando a classe média cai, o consumo despenca e a economia entra em caos. Do ponto de vista pessoal, isso é ainda pior. Uma coisa é precisar adiar os seus sonhos, outra é se acostumar com uma coisa boa e então ter que abrir mão dela. Imagina uma família que precisou abrir mão do plano de saúde ou que se viu obrigada a tirar os filhos da escola particular. Perder dói muito mais do que não ter e a queda para essa parcela da população foi rápida, mas vai demorar muito mais para retomar a sua renda como era antes porque elas  não têm emprego e não conseguem empreender. Para completar, a crise sanitária e econômica traz a crise de perspectiva que é a pior delas. Nada a volta a crescer sem a esperança da luz no fim do túnel.”

FUTURO
“Quando me pego desesperançoso, lembro que depois da Peste Negra veio o Iluminismo e o Renascentismo. Além disso, parto da experiência pessoal de que as piores dores da minha vida foram as que me fizeram crescer, ficar mais generoso, repensar certezas, trabalhar ainda mais. Acredito que muitos também passaram por isso. E essa questão da resiliência que o brasileiro tem nos faz criar, buscar soluções criativas. Quando se olha para o futuro do ponto de vista histórico, nós avançamos muito, só não dá para repetir os erros do passado e ter o ódio como guia, ele é o pior conselheiro. Temos todas as condições de sair dessa pandemia melhor do que entramos. Sou otimista! O importante é ser pautado em informações e evidências. Não existe algo pior para a eficiência do que políticas públicas sem pesquisa, sem senso.”

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