Publicidade
Tonico Pereira || Créditos: Reprodução/ Instagram
Tonico Pereira || Créditos: Reprodução/ Instagram
Tonico Pereira comemora 70 anos – 50 de carreira – com o monólogo “O Julgamento de Sócrates”, que estreia temporada em São Paulo neste sábado, no Teatro Nair Bello. “Essa peça trata do pensamento socratiano de 2400 anos atrás, mas no aqui e agora não há diferenciação nos julgamentos. Isso intercorre os tempos, acontece da mesma forma lá e cá, tudo junto e misturado”. O debate proposto é sobre liberdade de expressão e sobre julgar – ou melhor, condenar à morte – quem pensa diferente. Bem atual, né? Glamurama teve uma conversa honesta e sem meias palavras com o ator sobre o tema. Vem ler! (por Michelle Licory)
Glamurama: Você é um defensor ferrenho da liberdade de expressão?
Tonico Pereira: “Claro, porra. Nem penso nisso. Não me censuro, então não penso nisso. Não sou a favor da liberdade, sou a liberdade, como todo mundo deveria ser”.

Glamurama: É, mas, por outro lado, hoje em dia tem gente jogando baixo com tanta liberdade nas redes sociais, por exemplo…

Tonico Pereira: “Sem dúvida. Mas aí não estou falando desse tipo de liberdade. Não é essa liberdade entre aspas. Isso é quase um sofisma escroto dessa sociedade que a gente está vivendo… Isso não é liberdade, é apropriação indébita do espaço do outro. É assim: se você for sincero e tiver um raciocínio bem exercido sobre uma verdade pertinente, ok. Se isso for dissociado desse processo social/ político/ jurídico, estará legislando em causa própria e encerrando a questão na sua burrice pessoal. Se você tem respeito ao ser humano em sua essência, está tudo resolvido, verídico e não invasivo. É invasivo querer que a pessoa vote com liberdade, tenha julgamentos justos? Isso não é ferir a liberdade dos outros, a despeito das pessoas que pregam pena de morte e uma porrada de discriminação”.

Glamurama: Já sofreu consequências graves por expressar suas opiniões?

Tonico Pereira: “Claro, a gente vive exposto. Uma carne exposta pode ser picada por vários corvos. Já sofri até ameaças nas redes sociais, acusações infundadas. Teve uma vez que um pastor paulista propôs a minha morte só porque emiti a minha opinião, e nunca fiz isso para tirar vantagem de alguma coisa. Pelo contrário: dar opinião me traz até prejuízo”.
Cena de filme de Tonico Pereira transformada em “fake news” || Créditos: Reprodução

Glamurama: Você já sofreu com fake news, na época em que estava no ar em “A Regra do Jogo”…

Tonico Pereira: “Era uma cena de um filme que eu estava fazendo e um blog de uma igreja ligada ao Cunha em Caxias espalhou aquilo, apagando a câmera e o microfone da imagem para ficar como se fosse uma orgia, eu cheirando e bebendo e não sei mais o que… Procurei um advogado na época, mas eles se retrataram. Eu ameacei, mas o advogado disse que depois que se retrataram não adiantava fazer nada. De qualquer forma, eu queria muito ter mexido numa coisa que é importante pra eles que não é a moral, e sim o dinheiro”.

Glamurama: É difícil não julgar? Por exemplo: a pessoa que recebeu aquelas fotos no WhatsApp, como impedir que ela já faça um julgamento instantâneo?

Tonico Pereira: “Eu não julgaria. Estava pensando sobre isso e vou até postar: nunca, pelo amor de Deus, me chame para ser jurado de alguma coisa. Como tenho minhas necessidades, nem fale em dinheiro, porque aí posso acabar tendo que aceitar”.
Tonico Pereira || Créditos: Divulgação
Glamurama: Por falar nisso, você é funcionário da Globo, ou trabalha por obra?

Tonico Pereira: “Sou funcionário e me sinto muito feliz por isso. Sustenta as minhas doenças, cuida dos meus filhos. Talvez eles me mantenham como funcionário [e não encerrem o contrato e passem a pagar por obra, como tem acontecido bastante na emissora] porque estou velho e eles queiram me preservar um pouco. Nunca tenho projeto. Sou ator de aluguel. Tenho contrato e eles me escalam na hora que querem. Não sou de ficar me oferecendo, fico na minha, aguardando na trincheira o momento de sair pra luta”.

Glamurama: E nunca diz não para um convite da empresa?

Tonico Pereira: Podendo, não digo não. Só se eu estiver impedido por motivos de saúde”.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter