Publicidade
Yuval Noah Harari // Reprodução Instagram

Na data em que é comemorado o Dia do Orgulho LGBTQI+, decidimos reproduzir um Q&A sobre o tema feito por Yuval Noah Harari, um dos pensadores mais incensados do século XXI, com passagens pelo fórum de Davos e conversas com alguns dos maiores líderes do planeta. Historiador, filósofo e autor dos best-sellers ‘Sapiens: Uma Breve História da Humanidade’, ‘Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã’ e ’21 Lições para o Século XXI’, o israelense é homem gay e mandou seu recado.

O fato de ser gay influenciou de alguma forma suas pesquisas científicas?
Para mim foi crucial saber a diferença entre histórias inventadas e a realidade. Essa habilidade também é crucial nas pesquisas científicas. Quando era jovem diziam que todos os garotos deviam se sentir atraídos por garotas. E eu acreditei nisso. Levei muito tempo para entender que era apenas uma história inventada pelos humanos e que, na realidade, alguns garotos gostam de outros garotos, e por acaso eu era um deles. É um ato de sabedoria aceitar a realidade, mesmo quando ela contradiz o que a maioria acredita. Da mesma forma, muita gente diz que há um ‘cara lá em cima’ que fica muito bravo quando dois homens se amam. Outra invenção. Se dois homens amam um ao outro e não fazem mal a ninguém, o que poderia estar errado? Pesquisa científica é baseada no mesmo tipo de percepção. Sendo um cientista, constantemente questiono ‘O que é real? Qual a verdade sobre o mundo?’.

E de que modo a pesquisa científica afetou sua identidade sexual?
A ciência certamente me ajudou a aceitar minha sexualidade como ela é. As pessoas costumam dizer que não é natural ser gay, que a natureza queria machos amando fêmeas e vice-versa, e os gays quebram essa lei. Simplesmente não existe isso de comportamento ‘não natural’. Qualquer coisa que existe é natural por definição. As leis da natureza não são como as leis de trânsito que podem ser mudadas pelos governos de cada país. Se duas mulheres se amam, significa que isso é natural. Que a natureza não proíbe isso. A homossexualidade é muito comum entre diferentes animais. Entre nossos parentes evolutivos, os chimpanzés, o comportamento homossexual é muito comum. A verdade é que as definições do que é natural ou não, não são baseadas na biologia, e sim no que a religião e sociedade querem.

O que você diria para pessoas que criticam as paradas gays por acharem ‘indecentes’?
Ao longo da história a nudez matou muito pouco, mas fanáticos mataram milhões. Então, antes de nos preocuparmos com a nudez em paradas e eventos, seria melhor nos preocuparmos com extremistas.

*

Play pra conferir o Q&A:

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter