Publicidade
Bruno Gagliasso
Divulgação

Bruno Gagliasso encarou o desafio de viver o delegado Lúcio, personagem fictício que representa Sérgio Paranhos Fleury, policial do DOPS que liderou a operação que culminou com a morte de Marighella, em 1969. Para o primeiro filme dirigido por Wagner Moura, o ator de 39 anos ficou três meses isolado da família para dar vida a um dos símbolos da repressão política da época: “Fiz um personagem racista e fascista e tenho filhos negros. Sendo assim, a maior dificuldade foi encontrar isso em mim porque não queria que fosse nada óbvio. Tive ajuda da Fátima Toledo [preparadora] para fazer isso, sem ela seria impossível”, disse o artista durante a coletiva do filme em São Paulo.

“O que mais me motivou a encontrar esse cara foi saber que estava fazendo parte de um projeto muito maior. Não era só artístico, eu tinha consciência que era também político. Era minha forma de poder ajudar e me encontrar. Foi assim que fui encontrando qualquer resquício de humanidade naquele cara”

Bruno Gagliasso

Segundo Bruno, hoje em dia está cheio de pessoas como seu personagem. “Vejo o Lúcio que fiz em vários lugares e momentos, principalmente porque eles acreditam no que estão fazendo. Isso foi muito doloroso para mim, mas fui em busca dessa humanização do desumano”, desabafa.

Saúde mental

Em papo com GLMRM, Gagliasso não nega que sua saúde mental foi afetada ao dar vida para um personagem tão contra seus princípios. “Minha saúde mental foi para as “cucuias”. Depois do filme eu tive um outro trabalho também com a mesma preparadora de Marighella e ela me ajudou a me “despreparar” e preparar para outro personagem, o que foi muito intenso, mas também me ajudou bastante, apesar de desgastante. Lúcio é um personagem forte e foi complicado, mas estou vivo (risos).”

“Se eu não tivesse nenhum outro personagem para me preparar depois, eu precisaria realmente de um tempo para poder ‘sair’ do papel”

Bruno Gagliasso
Bruno Gagliasso | Foto: Paulo Freire

Preparação intensa

O artista entrega que não consegue separar sua real essência do personagem. “Nossos personagens somos nós também. Eu não sou esse tipo de pessoa que consegue desligar a chave. Não consigo, fico mal. Para mim é muito difícil”, afirma ele, que cita Tony Ramos como uma pessoa que consegue “apertar o botão”.

Por conta desse envolvimento, Bruno revelar até ser grosso com as pessoas durante os trabalhos. “O meu sogro falou que eu estava insuportável. Ele era o único que estava em São Paulo quando estávamos gravando [o filme]. Com isso, acabamos nos encontrando algumas vezes. Quando assistiu ao filme, ele disse: ‘Entendi agora porque você estava insuportável nessa temporada em São Paulo’ (risos).

Mundo online

Com o humor aguçado e marcando presença nas redes sociais da mulher, Giovanna Ewbank, o ator não se sente pressionado a manter intensidade em suas redes sociais. “Eu descanso e volto. Acho que não tem que ter regra, muito chato essa coisa da exigência. Tem vezes que eu não posto, fico uma semana sem postar. Quando fiz o Lúcio postava muito menos, a gente fica muito mergulhado. Tem muito a ver com o momento que estamos vivendo”, disse ele, que não suporta grupos no WhatsApp, mas mantêm um com Adriana Esteves, sua colega de elenco.

Outra plataforma não usada pelo ator é o TikTok. “A Giovanna [Ewbank] faz uns negócios, hein. Ela que não me escute aqui. “Amor, te amo. Você dança direitinho, mas quando vai filmar, sua dança fica meio…”, brinca ele, que em seguida muda de ideia: “Ela é sempre maravilhosa. Amor, você é perfeita até no TikTok.”

Pai de três

Pai de Bless, Titi e Zyan, ele confessa que se preocupa com o atual momento do país. “Com filhos estamos sempre preocupados, principalmente nesse momento do Brasil. A gente também aprende muito com os nossos filhos, é impressionante. Mais aprende do que ensina, eu sinto isso”, finaliza.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter