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Johanna na livraria Gato sem Rabo // Divulgação

Depois de alguns adiamentos, por causa da pandemia, Johanna Stein está perto de abrir as portas da aguardada Gato Sem Rabo, primeira livraria do Brasil apenas com obras escritas por mulheres. O espaço cultural ocupa o piso térreo de um prédio dos anos 1970 no Centro de São Paulo, que foi totalmente reformado. O rooftop do mesmo edifício será ocupado pelo restaurante Cora, que também irá comandar o café da Gato Sem Rabo. Em conversa com o Glamurama, a ex-modelo catarinense, formada em artes visuais, revelou parte do processo de criação do negócio, que será inaugurado neste sábado.

Glamurama: Como surgiu a ideia do Gato sem Rabo?
Johanna Stein: A ideia original nasceu de uma pesquisa que eu estava fazendo para outro projeto. No curso dessa busca e diante da dificuldade de encontrar as publicações de autoras mulheres em um único espaço físico, surgiu a vontade de construí-lo. Há dois anos venho conversando com pessoas do meio editorial e livreiro, e formando o catálogo com o recorte em livros escritos por mulheres, com a intenção de mostrar a amplitude e a pluralidade desta produção. As principais capitais do Brasil estão em uma retomada das pequenas livrarias, potencializando sua relação com o bairro, mas algumas reproduzem em boa medida o mesmo acervo, ao contrário do que acontece lá fora, onde as livrarias menores procuram ser especializadas. Este é o exemplo que queremos seguir, deixando muito claro o nosso propósito de colocar as mulheres no centro do debate e da produção editorial.

G: Por que este nome?
JS: Gato sem Rabo (a tailless cat) é emprestado do ensaio “Um quarto só seu”, de Virginia Woolf, texto fundamental para os estudos literários e o feminismo. Num dado momento, a narradora é surpreendida pela visão do gato no gramado, ele não devia estar ali, e ainda lhe falta uma parte. Com essa imagem, a escritora inglesa parece remeter ao estranhamento que as mulheres causam nos ambientes de produção intelectual. O nome da livraria é uma homenagem às mulheres que escrevem: animais estranhos e deslocados que, desfalcados de tempo, espaço e legitimidade, tiveram o atrevimento e a coragem de escrever – ou não encontraram outra saída senão essa.

G: Com o mercado editorial em crise, várias livrarias estão fechando. Como foi a decisão de abrir uma loja física enquanto tudo caminha para o digital?
JS: A crise não é exatamente do mercado editorial, mas do modelo que foi criado em função das grandes redes, que agora vivem seu ocaso. Estamos, portanto, em um momento de revisão e de proposição de alternativas. A abertura de livrarias de rua é parte desse movimento, assim como o surgimento de editoras independentes – a solução está em distribuir e diversificar o número de autores. A escolha por abrir uma livraria de rua é também afirmar que no espaço físico e no contato humano conseguimos o que um algoritmo é incapaz de fazer: a troca e o diálogo.

G: Vocês pretendem ter um e-commerce?
JS: Sim. A venda através do site funcionará a partir de junho. Até lá, atenderemos pelo WhatsApp para entregas em São Paulo.

G: Qual é o tamanho da coleção de livros?
JS: São 5 mil exemplares com cerca 1500 títulos de 200 editoras, divididos entre ficção, não ficção, arte e literatura infantil e juvenil.

Serviço:
Livraria Gato sem Rabo
End: R. Amaral Gurgel, 338 – Vila Buarque – Centro / SP
Funcionamento: de terça à sábado, das 11 às 17h

(por Baárbara Martinez)

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