Publicidade
São Paulo vazia por conta da Covid-19 // YouTube

Em pronunciamento em rede nacional na noite dessa terça-feira o presidente Jair Bolsonaro baixou o tom de seu discurso, mas voltou a defender a retomada da atividade econômica em meio à pandemia ao afirmar que “o efeito colateral das medidas de combate ao coronavírus não pode ser pior que a própria doença”. Preocupado em evitar uma forte retração econômica, Bolsonaro tem defendido que é preciso aliar o combate ao vírus ao desemprego e assim tenta convencer a maioria dos brasileiros a abandonar a quarentena contra a Covid-19 – na sua avaliação, apenas os mais idosos e portadores de outras doenças que formam o grupo de risco deveriam ficar em casa.

Mas pode a cura ser, como alerta Bolsonaro, mais danosa do que a enfermidade? Em estudo publicado na Social Science Research Network (SSRN), os economistas Sergio Correa, do Banco Central americano, Stephan Luck, do Banco Central de Nova York, e Emil Verner, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, mostram com base na história da gripe espanhola de 1918, que a economia entra em contração por causa da pandemia, não das políticas adotadas para combatê-la.

De acordo com o estudo, medidas preventivas de isolamento social adotadas na época em cidades dos Estados Unidos foram positivas para prevenir mortes, bem como para amenizar o impacto econômico causado pela pandemia. Ao analisar como se deu a recuperação da economia em 43 cidades após o fim do surto de gripe espanhola, Correa, Luck e Verner concluíram que a atividade voltou a crescer mais rápido onde as autoridades municipais adotaram medidas para conter a expansão da epidemia, em comparação com locais que não atuaram para reduzir o contágio. Segundo eles, diversas cidades americanas adotaram em 1918 estratégias de distanciamento social similares às que têm sido usadas hoje ao redor do mundo contra o coronavírus, como “fechamento de escolas, teatros e igrejas” e “a proibição de reuniões de massa”.

Ao comparar a forma como as cidades usaram essas medidas, os economistas perceberam que ações preventivas adotadas precocemente e com mais intensidade não agravaram a crise econômica. “Pelo contrário, cidades que intervieram antes e mais agressivamente experimentam um aumento relativo do emprego na indústria, da produção industrial e dos ativos bancários em 1919, após o fim da pandemia”, disseram os autores. Ações adotadas dez dias antes da chegada da doença contribuíram para um aumento de 5% no emprego industrial das cidades no período posterior à pandemia de 1918, por exemplo. Da mesma forma, implementar essas medidas por mais 50 dias resultaram em um crescimento de 6,5% do emprego na indústria após o fim da pandemia.

Em 1918, ao menos 40 milhões de pessoas morreram por causa da gripe espanhola. Naquele ano, um único evento público provocou a morte de mais de 4.500 pessoas expostas à contaminação durante um desfile pelas ruas da Filadélfia, cidade americana que não optou por não adotar o distanciamento. Embora não se saiba a origem exata da doença, ela foi batizada “gripe espanhola” porque os primeiros relatos sobre uma então misteriosa epidemia surgiram em Madri.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump, Hollywood e um déjà-vu que ninguém pediu

Trump tenta ressuscitar a franquia Rush Hour ao se aproximar de investidores e de Brett Ratner, num movimento que parece mais político do que cinematográfico. A proposta mistura nostalgia, estratégia cultural e a tentativa de reabilitar nomes controversos, mas enfrenta um mercado que não demonstra demanda real por um quarto filme. O episódio revela mais sobre a necessidade de Trump de reafirmar sua persona pública do que sobre qualquer impulso criativo em Hollywood.
Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise enfim leva seu Oscar…

Tom Cruise foi o grande nome do Governors Awards ao receber, após 45 anos de carreira, seu primeiro Oscar — um honorário. Em um discurso íntimo e preciso, ele relembrou a infância no cinema e reafirmou que fazer filmes “é quem ele é”. A entrega por Alejandro Iñárritu, seu novo parceiro em um projeto para 2026, reforçou o peso artístico do momento. Nos bastidores, o prêmio foi visto como aceno da Academia a um dos últimos astros capazes de mover massas ao cinema. Uma noite que selou não só um reconhecimento tardio, mas também a necessidade de Hollywood de se reconectar com sua própria grandeza.

Instagram

Twitter