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1. As condições econômicas e políticas do panorama internacional e das políticas dos países para enfrentá-las trazem cada dia mais novidades. Estas têm enfatizado o oportunismo em detrimento da construção de instituições e comportamentos que criam a confiança entre os parceiros para que todos possam usufruir, sem temores, as vantagens proporcionadas por uma ampliação segura de sua participação no comércio mundial.

2. Um exemplo claro desse comportamento oportunista é a insistência da China em reduzir o volume de suas exportações das chamadas “terras raras”. Por conta da miopia dos mercados no curto prazo, a China detém hoje 97% da produção mundial. Há alguns anos os Estados Unidos eram os principais produtores desses elementos (fundamentais na tecnologia moderna de iPhone, mísseis, turbinas eólicas, etc.) em escala industrial. A China, com métodos primitivos e mão de obra barata começou a produzi-las. O próprio Deng Xiaoping viu o que a miopia de curto prazo dos mercados era incapaz de ver. Ele disse: “Vocês têm o petróleo, mas nós temos as ‘terras raras!’". A China acaba de anunciar que para 2011 vai reduzir, mais uma vez, a sua exportação de ‘terras raras’ para 14,5 mil toneladas.

3. O aspecto ridículo, se não fosse cômico, é que o Departamento de Comércio dos EUA anunciou, em resposta àquela restrição, que vai abrir uma investigação para saber se as restrições às exportações das ‘terras raras’ da China não “violam os compromissos assumidos pelo país com a Organização Mundial do Comércio”!

4. A resposta chinesa não se fez esperar. Negou qualquer intenção monopolista e de cerceamento às exportações. Niu Jingkao, o secretário-geral da Sociedade Chinesa para Metais Raros garantiu que a quota fixada, ao contrário do que supõem os EUA, era apenas “um esforço para unificar e melhorar a governança e a regulação de todo o setor de exploração mineral”! Há grande esperança que, em 2020, a OMC condene a China e que em 2050 esta se proponha a negociar uma compensação…

5. Outro exemplo curioso é a confissão do governo mexicano de que comprou contratos futuros na bolsa de Chicago para fixar o custo do milho, do qual depende a produção de tortilha. Todos sabemos que os preços das tortillas são fundamentais para a paz social do México, como mostraram os eventos de 2007. Aqui, também, há sérios indícios de que o México simplesmente copiou o que a China faz (e fez), mas não confessa.

6. O ilustre ministro da Economia do México, o senhor Bruno Ferrari, está convencido que os “preços e o abastecimento estão assegurados até o terceiro trimestre de 2011”. É o que vamos ver. Os EUA já anunciaram que os estoques de milho cairão ao seu menor nível dos últimos 15 anos. A Rússia, a Ucrânia e a Índia puseram as barbas de molho e suspenderam as exportações de alimentos. E a velha China já anunciou o controle dos preços…

Por Antonio Delfim Netto

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