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Por Machado da Costa para revista PODER
Foto André Brandão

 Quem conhece o Antonio Fagundes das telas de TV talvez não consiga dissociar a imagem de galã que o carioca consolidou nos seus mais de 40 anos de carreira artística. Mas no tête-à-tête, o homem é muito diferente do personagem. Ele tenta separar a figura pública de sua vida pessoal. Assim, recebeu a equipe de PODER usando um sapato Crocs e uma camiseta da produção da peça Tribos, que está em cartaz em São Paulo. Fagundes sabe que é poderoso, mas jura “por Deus” que nunca buscou se valer de sua posição. “Deve acontecer, vez ou outra, mas foi sem querer. Procuro evitar esse tipo de relação”, garante.

Todas as semanas, ele passa três dias em São Paulo, três no Rio “e um voando”, brinca, sobre sua rotina na ponte aérea. Apesar do ritmo intenso imposto pelas gravações da novela Amor à Vida, da Rede Globo, e as apresentações no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca), ele diz que não se rendeu às interações sociais oferecidas pelos gadgets modernos. “Celular só me serve para as pessoas deixarem recados e quando eu quiser, se eu quiser, ligo de volta.” Esse perfil desligado da tecnologia se traduz em  sua visão sobre  a vida moderna, que para ele está, a cada dia, mais disfuncional. “As pessoas estão deixando de se ouvir. Tem um caso de uma amiga que ficou feliz porque o marido mandou um e-mail. Isso é muito louco!”, comenta.

Tribos é a segunda parceria de Fagundes com o filho Bruno no teatro. Ele afirma que o trabalho está sendo maravilhoso, justamente por tratar dessa relação interpessoal fria, típica dos tempos atuais. Na trama, um dos filhos do personagem interpretado por Fagundes é surdo, “mas se percebe durante o espetáculo que ele é o único que ouve, que entende o que passa a sua volta. As pessoas hoje ficam tão dependentes desses aparelhos que não prestam mais atenção em nada”, avalia o ator.

Atualmente na pele de César Khoury, homofóbico assumido, o personagem integra uma lista de mais de 50 outros na carreira global do ator. Depois de tantos trabalhos, ele deixa claro que ainda existe uma relação de troca entre artista e personagem e que, no caso desse papel, precisou compreender atitudes e pensamentos dos quais não compartilha. “Sou capaz de fazer o personagem, mas nem por isso vou me tornar ele. No caso do César, precisei olhar de outra forma a questão da homofobia. Precisei entender os motivos de seus preconceitos”, conta.

Se há algum luxo em sua vida, garante que são somente sua coleção de livros e de DVDs. “É o único ponto em que não tenho freio.” Com o mesmo carro há 13 anos, diz que isso resume seus hábitos de consumo e que não vê necessidade de sair comprando tudo por aí.

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