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Por Michelle Licory

Glamurama foi conversar com Vik Muniz nessa sexta-feira no Hotel Fasano de Ipanema, durante o lançamento de seu novo documentário, “This is Not a Ball”, título “inspirado no ‘Isso Não é um Cachimbo’, do Magritte”. O filme, a princípio, mostraria apenas o making of das duas obras que o artista produziu com 20 mil bolas, “um oportunismo do bem por conta da Copa”, uma no Vidigal, favela carioca, e outra no Estádio Azteca, no México. Mas a parceria com a Televisa evoluiu e Vik percorreu nove países falando sobre o tema. Ele mostra, por exemplo, uma partida entre amputados em Serra Leoa.

* “É um tema já gasto, exausto, e eu queria fazer algo original, essencial. Consegui desenhar a bola usada, então fiz ela metade preta, metade branca: uma bola binária. Você escolhe o lado que quer. Pensei que com a bola você pratica o ato de dar e receber. Fiz a coisa mais erudita e mais simples ao mesmo tempo. A gente não tem o futebol arte? Misturei arte com bola nesse trabalho. A diferença é que o artista se interessa por tudo e o atleta tem um interesse específico: o gol”, filosofa.

* “Penso que a bola é uma ferramenta de transgressão social. De repente você é um bilionário. A bola inspira mudança. A bola e a música, principalmente no caso do rap. O jovem da periferia vê que quem tem sucesso veio das mesmas camadas que ele. Ele enxerga a trajetória inteira.” Comentamos que, para Vik, essa mesma transgressão social aconteceu através da arte. “Sim, eu sou desse mesmo lugar, mas não é tão comum. Assisti a um jogo da Copa ao lado do Emicida e do Guimê. Contei que sou do Jardim Panamericano [São Paulo]. Eles? ‘Sério, cara? Isso é longe!” Mas os meninos de lá não querem ser como eu. Querem ser como eles, como os jogadores de futebol… Se bem que tem Os Gêmeos, gente mais popular na arte. Aí sim…”

* Perguntamos se ele nunca teve o sonho de ser jogador, como os garotos da sua comunidade. “Sou muito perna de pau. Tenho dois pés esquerdos. Mas sou um ótimo comentarista de bar. Minhas opiniões mais certas são sobre futebol.” Voltando ao filme… “É um documentário tímido porque a gente tinha prazo: um ano. O ‘Lixo Extraordinário’ [que concorreu ao Oscar] a gente fez em 3 anos e meio. Já fui muito criticado, como quando fiz abertura de novela na Globo. Mas acho que o artista vive de experiências.” As bolas e a série de dez fotografias [a obra final é um díptico das duas instalações vistas de cima] serão leiloadas e a renda será doada para 12 ONGs ligadas de alguma forma à… bola!

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